A porcentagem de famílias com renda per capita de até meio salário mínimo caiu de 31% para 23%, mas 1,3 milhão crianças, entre 8 e 14 anos, são analfabetas e um 1,1 milhão freqüentam a sala de aula.
O IBGE divulgou nesta quarta uma análise das condições de vida dos brasileiros em 2007. A pesquisa mostrou avanços na área social, mas a qualidade da educação está prejudicando milhões de alunos.
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E o que surpreende, a grande maioria delas está na escola: 1,3 milhão crianças, entre 8 e 14 anos, são analfabetas. E um 1,1 milhão freqüentam a sala de aula.
Seu Jaime e Dona Marlene. Ana Lúcia e a estudante do Nordeste. As histórias desses brasileiros ajudam a mostrar como estão as condições de vida da população.
As aposentadorias de Seu Jaime e Dona Marlene somam R$ 1,1 mil. O dinheiro de uma vida inteira de trabalho hoje sustenta a nova geração da família: filhos e netos. Comida, luz, água, remédio, não sobra nada, conta o aposentado Jaime Rodrigues.
Mais aposentados tiveram que assumir essa responsabilidade nos últimos anos. Em 53% dos lares com idosos, eles pagam a maior parte das contas e o número de idosos aumenta, junto com a expectativa de vida. De 97 para 2007, os brasileiros ganharam 3,4 anos a mais.
A pobreza diminuiu nesse mesmo período. A porcentagem de famílias com renda per capita de até meio salário mínimo caiu de 31% para 23%.
Mas Ana Lúcia Oliveira nem salário tem. Com duas filhas pequenas e nenhuma vaga na creche do bairro, como conseguir emprego?
Nesse meio tempo, a gente fica sem trabalhar, as crianças precisam das coisas e a gente não tem como arrumar as coisas para eles sem trabalhar.
Apenas 17% das crianças com até três anos vão à creche no Brasil. O acesso é maior para quem ganha mais.
Quando as crianças chegam à idade escolar, surge um outro problema. O acesso ao ensino fundamental já está praticamente resolvido no Brasil, mas o que ainda precisa melhorar é a qualidade da educação. São muitas as crianças que não sabem ler e escrever.
Vamos abaixar esse número com certeza por todo o processo que o país está fazendo, mas se tiver dez, essas dez têm que ser o foco do nosso trabalho, afirmou Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC.
Na universidade, o número de brancos dobrou e o de pretos e pardos, segundo a classificação do IBGE, mais que triplicou em uma década. Para chegar à faculdade, o caminho ainda é longo para uma estudante do Nordeste.
Aos dez anos, na primeira série, ela ainda não sabe escrever o próprio nome. O que mais quer é aprender a decifrar o mistério das letras. Eu quero ler para mim ler um livro como este.