Superar o analfabetismo funcional é o grande desafio da educação no Brasil – um problema que tem solução simples, como mostra a reportagem da série Era uma Vez.

Era uma vez um menino que queria muito aprender a ler. Ele mesmo se apresenta: Meu nome é Ewerton, tenho 10 anos. Eu gosto de estudar, mas estou aprendendo a ler devagarzinho.


Ainda vai levar alguns meses e muitas aulas de reforço para Ewerton conseguir ler direito. Ele está na quarta série do Ensino Fundamental, mas ainda não consegue identificar todas as letras. Eu fico lá e tento ler, mas não consigo. Ainda não conheço as letras todinhas, explica o garoto.

Ewerton não é exceção. O maior desafio da educação hoje não é manter a criança na sala de aula, e sim combater o que os estudiosos chamam de analfabetismo funcional – quando alguém tem limitações de leitura e escrita, mesmo dentro da escola. No Brasil, dos 27 milhões de jovens que, como Ewerton, estão no Ensino Fundamental, 60% chegam ao fim da oitava série sem saber interpretar um texto ou efetuar operações matemáticas simples.

O dado preocupa ainda mais quando se considera as crianças que estão na escola, mas simplesmente não sabem ler e escrever. Elas são cerca de 1,1 milhão no nosso país.

O nosso país hoje se orgulha de ter 97% dos jovens de 6 a 14 anos na escola. A taxa de analfabetismo caiu para 3% na faixa dos 10 a 14 anos. Mas, no Ensino Fundamental, 25,7% dos alunos estão atrasados, fora da série correspondente à sua idade.

Essa situação preocupa os educadores. Uma criança que chega à terceira ou quarta série sem saber ler e escrever é uma criança que vai desistir da escola. Se ele sente que está numa condição inferior à dos colegas, que conseguiram ele sai, afirma a pedagoga Perina de Fátima Costa. Para superar isso, a família é fundamental.

A mãe de Ewerotn, por exemplo, está pensando em aulas de reforço exclusivamente para a leitura. Afinal, o menino está determinado: Quero passar e quero me formar, conta. Estou me esforçando para ler, eu acho que vou ficar feliz quando conseguir.

Sabrina, de 12 anos, já sabe como é essa felicidade. Agora eu sei ler. Quando aprendi, a professora disse que eu estava de parabéns, lembra. Ela passou pelas mesmas dificuldades de Ewerton: com aprovação automática e sem a orientação do professor, carregou de série para série a culpa por não conseguir ler: Eu até comecei a chorar porque todo mundo sabia ler lá na sala, e só eu que não.

O fim da tristeza de Sabrina e de milhares de meninos e meninas chegou com as aulas de reforço. Aprendi a ler no reforço. A professora mandou eu soletrar as palavras, e aí eu aprendi rapidinho, conta.

Hoje existem milhares de classes de complementação escolar no nosso país, geralmente oferecidas por instituições beneficentes ou organizações não-governamentais – lugares que são a prova de que, muitas vezes. o que falta é uma chance.

Aline encontrou uma chance e, aos 9 anos, já é poeta. Ela mesma recita os versos que fez:

Tá na hora de parar,
ter consciência com tudo.
Deixar que o verde da vida
faça parte desse mundo.

Disponível em: http:g1.globo.comjornalhoje0,,MUL792354-16022,00-ANALFABETISMO+FUNCIONAL+E+O+MAIOR+OBSTACULO+DA+EDUCACAO.html

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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