Stella,
O Globo Repórter de 180806, intitulado Infância roubada, mostra sete diferentes e tristes realidades do país. A reportagem completa está em http:globoreporter.globo.comGloboreporter0,19125,VGC0-2703-14851-5-238263,00.html .
Vale a pena ler ou assistir aos vídeos:
No asfalto, ela aprendeu, desde muito menina, o que é sobreviver. Sabe se proteger e se defender daqueles que ela chama de abusadores de menina. Mas outro desafio, muito mais simples, ela não conseguiu vencer: aos 31 anos é analfabeta.
Regina faz parte de uma estatística que ninguém consegue desmentir: não ter o tempo de brincar, de soltar a imaginação, de se deixar levar pelas fantasias próprias da infância pode significar marcas profundas e insolúveis. A dificuldade para aprender é uma das mais graves.
Pego ônibus pela cor e pelos números. Faço compra sozinha, mas levo minha irmã para me explicar as embalagens dos produtos que eu não conheço. Levo meus filhos para a rua, me divirto sozinha. Só preciso marcar as conduções que eu tenho que pegar. Se eu pegar um ônibus azul ou amarelo, eu marco a cor e o número. Na próxima vez, eu pego o mesmo. Só isso, explica Regina.
Já na esquina onde viu a infância e a adolescência passarem entre carros e trocados, ela pede para falar mais sobre ler e escrever.
Eu junto as letrinhas e formo um impresso de palavras. Mas quando vou esticar, não sei mais o que eu li. Eu leio casa e mais algumas palavras. Daqui a dois minutos você me pergunta e eu só lembro casa. Sai tudo da memória, conta Regina.
Beijos,
Ana Dilma