Dos que têm 4ª série, 68% lêem mas não entendem
 
Quatro milhões de brasileiros entre 15 e 64 anos podem ser considerados analfabetos, mostra pesquisa do Ibope
 
Flávio Freire
O GLOBO
29 de março de 2.007
 
 
SÃO PAULO. Dados de uma pesquisa feita para avaliar os índices de alfabetização no Brasil mostram que 68% dos 30,6 milhões de brasileiros de 15 a 64 anos de idade, que estudam ou estudaram até a 4ª série, não conseguem ler mais do que um anúncio curto - sem capacidade de interpretá-lo. Mais: 13% (quatro milhões de brasileiros nessa idade) podem ser considerados analfabetos no que diz respeito à escrita e à leitura, pois não decodificam palavras e frases, ainda que em textos simples.
A pesquisa mostra que, desse universo, um milhão de pessoas não é capaz de identificar números em situações de cotidiano, como ler preços ou anotar número de telefone.
A precária situação do sistema educacional no país pode ser observada ainda na análise feita com 31,1 milhões de pessoas que cursam ou cursaram da 5ª à 8ª série. Chama a atenção que 24% (cerca de oito milhões) dos que se encontram nessa faixa de escolaridade permanecem no nível rudimentar de alfabetização, ou seja, com séria limitação nas habilidades de leitura, escrita e também em cálculos simples de matemática, como somar ou diminuir.
A pesquisa, elaborada pelo Ibope em parceria com o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa para avaliar o Indicador Nacional de Alfabetismo Social (Inaf), é uma compilação de cinco sondagens feitas entre 2001 e 2005. A cada ano, duas mil pessoas responderam a questionários com os testes que avaliavam a capacidade do indivíduo de ler, escrever e fazer contas, sempre a partir de situações do cotidiano.
- Esses brasileiros, que estão entre nós, num mundo mais globalizado, não conseguem ser eleitores, consumidores, profissionais. Essas pessoas não vão conseguir ler a reportagem que está sendo feita - disse Ana Lúcia Lima, diretora do Instituto Paulo Montenegro.
 
Minas Gerais, o estado com os piores índices no Sudeste
Os entrevistados foram classificados em quatro níveis: analfabeto (não conseguem ler palavras ou frases nem ler preços ou anotar números de telefone); rudimentar (capaz de ler texto curto, assim como números de telefone); básico (lê textos mais extensos e é capaz de fazer inferências e resolve problemas simples de matemática); e pleno (condições plenas).
O levantamento mostra que o Rio de Janeiro é o estado com o melhor desempenho. De acordo com a pesquisa, 38% do total dos entrevistados no Rio foram classificados em nível pleno. O índice de moradores do Rio na categoria rudimentar é de 22%.
 
Numa comparação com outros estados da Região Sudeste, o Espírito Santo aparece em segundo lugar, com 37% dos capixabas em nível pleno e 25% em estágio rudimentar. São Paulo aparece em terceiro. São apenas 24% de paulistas com idade entre 15 e 64 anos que estudam ou estudaram da 5ª à 8ª série que se encaixam no nível pleno, contra 32% no estágio rudimentar.
São Paulo tem ainda um agravante. Ao contrário do Rio e do Espírito Santo, que não têm pessoas com essa idade no nível analfabetos (que não lêem ou escrevem qualquer coisa), São Paulo registra 6% nessas condições.
 Mas é Minas Gerais o estado com os piores índices no Sudeste. Pelo menos 9% dos mineiros estão incluídos no nível analfabetos.


--------------------------------------------------------------------------------

Categoria pai: Seção - Notícias

Pesquisar

PDF Banco de dados doutorado

Em 24 de novembro de 2024, chegamos a 2.435 downloads deste livro. 

:: Baixar PDF

A Odisseia Homero

Em 24 de novembro de 2024, chegamos a  8.386 downloads deste livro. 

:: Baixar PDF

:: Baixar o e-book para ler em seu Macintosh ou iPad

Uma palavra depois da outra


Crônicas para divulgação científica

Em 24 de novembro de 2024, chegamos a 15.830 downloads deste livro.

:: Baixar PDF

:: Baixar o e-book para ler em seu Macintosh ou iPad

Novos Livros

 





Perfil

Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

Leia Mais

Publicações

Do Campo para a cidade

Acesse: