Precisamos reformar a escola pública e fazer com que ela funcione, ao invés de acreditar que uma privatização salvaria a educação brasileira
Quando se fala sobre os problemas da educação brasileira - e especialmente quando dizemos que até mesmos as escolas particulares não conseguem escapar totalmente das deficiências do sistema público, que forma seus professores - alguns costumam aventar a idéia de que todo o sistema educacional seja privatizado. A lógica é simples: se a escola particular é melhor do que a pública - ou menos ruim, ou um pouco melhor do que a pública, como ditar o viés do leitor - e, ainda pior, se parte do problema da escola particular é justamente causada pelas carências da escola pública ao formar a geração seguinte de professores, então o país ficaria melhor se toda a rede de ensino fosse privatizada.
A lógica tem o seu buraco, e o seu termo técnico é falácia de composição. Explico com exemplo. Você descobre um caminho novo para um lugar. Ao invés de demorar meia hora, pelo caminho novo você chega em dez minutos, porque através desse caminho o trânsito flui. Aí você chega à conclusão de que esse caminho é melhor do que o antigo. Mas ele não é intrinsicamente melhor. Ele é apenas melhor porque só você o conhece. Quando todos o conhecerem, o caminho novo fica engarrafado e perde o seu mérito. A aparente superioridade desse caminho novo é apenas uma função de sua exclusividade.
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