Nascido numa família burguesa e rica de Frankfurt, Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) é possivelmente o maior nome das letras alemãs, tão fundamental para elas quanto William Shakespeare o foi para o inglês. Mas os interesses do autor de Fausto e de As Afinidades Eletivas não se resumiam à literatura, à poesia e à dramaturgia. Goethe foi crítico de arte dos mais atilados, estudou as leis e praticou na Suprema Corte. Ele fascinou o duque Carlos Augusto, de Weimar, que o fez seu virtual primeiro-ministro. Goethe advogou os princípios do iluminismo e foi um cientista aplicado – isso tudo, em um resumo biográfico dos mais breves. Não há exagero em dizer que ele abarcou todo o conhecimento de seu tempo e o fez avançar. Ninguém colocaria em questão o brilho de Goethe, mas há nessa frase um elemento crucial: de seu tempo.
Quando Goethe morreu, a escalada científica e tecnológica que se desdobraria nos séculos seguintes estava apenas começando. A arte passaria por revoluções profundas, do impressionismo ao cubismo e à abstração completa. A arquitetura e o urbanismo se reinventariam. Não se podia ainda divisar indício da força transformadora que seria a cultura pop. E mesmo um visionário do século XIX teria dificuldade em conceber um sismo como o que a ciência da computação representou para estas três últimas décadas, em que o fluxo de informação só é menos vertiginoso do que o desafio de pesá-la – e então absorvê-la ou descartá-la. No mundo atual seria possível a alguém acumular tanto conhecimento quanto Goethe em seu tempo?
A probabilidade é mínima. O conhecimento humano não apenas se multiplica exponencialmente como também se fragmenta e se especializa na mesma intensidade. Mas a busca pelo conhecimento, do mais pitoresco ao mais enciclopédico, continua sendo um desafio colocado a todos nós e constitui de certa forma um indicador do grau de integração da pessoa em seu mundo e em seu tempo. A boa notícia é que a alegria não está em conseguir. Está em tentar – em provar do fascínio de descobrir um interesse diverso, uma nova fagulha para acender a imaginação, mais uma oportunidade de se admirar com a beleza do que a inteligência humana produziu nestes 6 000 anos em que passou a registrar seu progresso.
É nesse espírito que VEJA compilou a lista de 100 perguntas apresentadas nestas páginas. Elas abarcam desde a produção artística da Antiguidade clássica até assuntos candentes do noticiário, tocam em temas filosóficos, mas tratam também do que vai pela televisão. Desafiam o leitor a testar seu grau de sintonia com a ciência e a tecnologia contemporâneas. Muitas fontes contribuíram para essas questões. Algumas foram cedidas pela revista Newsweek. Outras foram formuladas pela historiadora Mary Del Priore e pelo estudioso da televisão Mauro Alencar, a pedido de VEJA. As restantes foram propostas pela equipe da revista. Que, evidentemente, aprendeu e se surpreendeu com elas. Agora, é a sua vez.