A Brasília que não lê

Quem são esses brasileiros analfabetos residentes no DF?

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O Projeto Leitura, tem como objetivo vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: Criar o hábito da leitura.

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Jaime Pinsky

Professor, editor e escritor.

Ainda criança, em Sorocaba, aprendi duas línguas diferentes. Jogando bolinha de vidro (não se usava a palavra gude, que aprendi bem mais tarde) com meus amigos na Vila Gagliardi, então um beco sem saída, falávamos o português praticado em todo o interior paulista, com "nóis vai" e "nóis fica", com total desprezo pela consoante final de palavras terminadas em erre (falá em vez de falar), com a troca do éle pelo erre (parco em vez de palco), e assim por diante. Meus amigos falavam assim. Zezé falava assim, Neu falava assim, Tufi falava assim. Pelo rádio ouvíamos uma língua muito diferente, mesmo nas emissoras locais, desde a pioneira PRD7, Rádio Clube de Sorocaba até a Rádio Cacique e, mais tarde, a Vanguarda. Mas rádio não era algo real, palpável, e achávamos razoável que lá se falasse uma língua distinta da nossa. 

Em casa, falava-se uma língua muito diferente. Meus pais ainda estavam se aculturando à cidade, falavam português com sotaque e preferiam conversar conosco em iídiche, a língua falada pelos judeus europeus, os ashkenazim. Quase toda noite, quando íamos dormir, meu pai ou minha mãe entravam no nosso quarto portando um livro nessa língua e liam um conto, ou três páginas de um romance, de escritores como Sholem Aleichem, autor de Violinista no Telhado. Essa rotina se manteve por muito tempo, enquanto éramos apenas dois filhos, Cecília e eu, ela dois anos mais velha. Ficávamos encantados com o mundo que emergia daqueles livros grossos, com capa dura, importados dos Estados Unidos (EUA) ou da Argentina e vivíamos a vida dos personagens como se fossem gente da casa ao lado. 

Mas aí descobrimos a chave que abria uma porta que ficava nos fundos da loja. A instituição que alugou o espaço para a loja do meu pai tinha tido uma biblioteca circulante, que fora desativada, e o acervo fora empilhado, de forma desorganizada, em uma pequena sala a que essa chave dava acesso. Eram milhares de obras, principalmente para crianças, histórias de fadas e princesas, e reis com longas barbas que passavam o dia com suas coroas na cabeça, e bruxas cruéis, especializadas em venenos e comida que deixava as pessoas dormindo durante décadas. Eram obras escritas há muito tempo e traduzidas em um português que não se falava mais, se é que algum dia se falou, mas que continuava a encantar. 

Cecília, com 7 anos, lia e muito bem. Ela se sentava e lia em voz alta, eu me sentava atrás dela para enxergar de onde e como ela tirava tantas maravilhas de simples manchas incompreensíveis de tinta que ela chamava de letras. Às vezes, eu pedia para ela repetir uma passagem, particularmente deslumbrante e reveladora, o que ela fazia, resmungando, mas fazia. Quando se esquecia de apontar para a palavra lida eu protestava com veemência, pois não conseguia estabelecer conexão entre o lido por ela e o ouvido por mim. 

Em pouco tempo, eu me senti apto a decodificar alguns sinais gráficos e minha santa irmã aceitou corrigir minhas falhas, não sem aproveitar para me chamar de pirralho ignorante. Meu orgulho aceitava pagar o preço do ensinamento que ela me proporcionava. O mundo novo que eu vislumbrava valia cada risinho sarcástico dela. O importante era continuar e conquistar cada palavra, uma por vez.

Quando eu me dei conta, sabia ler! Sinceramente, não poderia precisar quanto tempo levei para notar que não precisava dela. Ou melhor, quase não precisava. Passei a ir sozinho até o depósito. Agora não dividia o ar empoeirado com ninguém, a não ser as princesas e os reis e os bandoleiros, e o irmão do príncipe, (esse era mau caráter), todos nós juntos, ficção e realidade se misturando, como precisa acontecer quando lemos com paixão.

 

Aí, eu me dei conta de que estava tendo acesso a uma nova  linguagem, que não era a que falavam meus pais, nem a que eles liam, nem aquela praticada pela minha turma de bolinha de vidro, mas a língua dos livros velhos e empoeirados, língua distante do meu dia a dia, língua contraditoriamente  arcaica e inovadora, pois mesmo vindo de livros usados estava abrindo novos horizontes e (isso eu não sabia, mas sei agora) desenvolvendo meu cérebro no processo de leitura, como ensina Maryanne Wolf. 

Quando, no ano seguinte, entrei na escola regular e a professora começou a ensinar letras e palavras e frases e, mais tarde, pequenas historietas, eu já sabia ler e levava um jornal (A Gazeta do dia anterior, comprada a pedido do meu tio na véspera, e herdada por mim) para a sala de aula.
 Quando o diretor da escola entrou na sala de aula e perguntou à professora como ia a alfabetização da turma, ela não teve dúvidas; disse ao diretor que a turma ia muito bem e até um menino que se sentava atrás estava alfabetizado. Era eu! Achei que ela estava se apropriando de créditos que pertenciam à minha irmã, mas não vi como consertar isso. Mas agora estou contando pra todo mundo, Cecília!

https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2024/10/6962307-aprendendo-a-ler.html

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Em 2023, a matrícula na rede federal estava presente em 960 municípios brasileiros, por meio de campi com cursos presenciais ou de polos EaD. São 101 municípios na região Norte; 332, no Nordeste; 252, no Sudeste; 176, no Sul; e 99, no Centro-Oeste.

Fonte: MEC/Inep; Censo da Educação Superior.

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Meus caros amigos,

Com alegria venho registrar que meu primeiro livro voltado para o ensino da nossa língua de uma perspectiva sociolinguística completa este ano 20 anos: Educação em Língua Materna: a Sociolinguística na Sala de Aula (São Paulo: Parábola Editorial, 2004).  

 “No Brasil de hoje, os falares de maior prestígio são justamente os usados nas regiões economicamente mais ricas. Estamos vendo, então, que são fatores históricos, políticos e econômicos que conferem o prestígio a certos dialetos ou variedades regionais e, consequentemente, alimentam rejeição e preconceito em relação a outros. Mas sabemos que esse preconceito é perverso, não tem fundamentos científicos e tem de ser seriamente combatido, começando na escola.” (p. 34)

 

                  

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Autora: Ana Karina Bortoni Dias

Organizações ao redor do mundo estão em uma corrida pela inovação. Data Analytics, IA, Tecnologia Verde, entre outras, as novidades são muitas, mas as empresas se encontram em estágios muito variados. Existe uma grande distância entre o desejo de incorporar a inovação e a realidade do dia a dia nos escritórios e fábricas.
Não há dúvida quanto à importância de evoluir nesse tema. A aceleração tecnológica está presente em todas as cadeias de negócios, trazendo diversas melhorias aos processos, produtos e serviços. No entanto, nada disso acontece por acaso, a inovação não surge espontaneamente nem é resultado de nem é resultado da simples adição de algumas mentes criativas à organização.
Inovar exige recursos, persistência, margem para erro e, acima de tudo, uma cultura organizacional capaz de estimular e nutrir o surgimento de boas ideias, mesmo aquelas que inicialmente possam parecer improváveis. O ambiente que possibilita esse fluxo precisa de líderes com mente aberta e disposição para desafios e riscos.
Projetos de inovação bem-sucedidos também dependem da diversidade. Diferentes perspectivas, experiências, trajetórias e histórias de vida acrescentam tempero e singularidade  a cada ideia. No entanto, é justamente nesse ponto que muitas lideranças tropeçam, seja por rotular demais as pessoas, limitando a mobilidade interfuncional, seja por enxergar a inovação como responsabilidade de um grupo específico e restrito.
Organizações que abraçam o risco, promovem a colaboração, investem na diversidade de trajetórias e conhecimentos e concedem autonomia às suas equipes têm 60% mais chances de liderar a inovação em seu campo de atuação, de acordo com pesquisas.
Destravar os caminhos para a inovação de impacto depende de líderes inspiradores, de uma cultura que incentive e ofereça ferramentas para a fluidez de ideias e, claro, da diversidade.
Embora não exista uma receita exata para todos os negócios, pelo menos os ingredientes essenciais estão à disposição.

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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