RIO - No dia em que completaria 100 anos, Carmen Miranda (nascida em 9 de fevereiro de 1909 em Várzea da Ovelha, Marco de Canaveses, no norte de Portugal, mas radicada no Rio) vai ganhar uma homenagem à altura em... Portugal. A Cinemateca de Lisboa abre na próxima terça-feira uma mostra de nove filmes da atriz e cantora em Hollywood, produzidos nos anos 40 e 50. O ciclo Carnaval com Carmen Miranda abre com um curto documentário de Maria Guadalupe e Jorge Ilelli, de 1969, sobre a cantora e prossegue com Sinfonia de estrelas (1943), de Busby Berkeley, filme no auge do technicolor e um dos mais conhecidos de sua trajetória. O (nosso) Canal Futura exibe hoje, às 22h30, o documentário Banana is my business, sobre a “pequena notável”, que também terá sessão na Vivo Summer House, às 18h e 20h.
– Acredito que a visão em relação à figura de Carmen está mudando, as pessoas estão vendo com mais clareza o impacto que ela causou tanto na nossa cultura como na dos Estados Unidos – observa Helena Solberg, diretora de Banana is my business. – O legado dela está sendo mais valorizado, na época havia uma elite que não queria ver a imagem do país associada a Carmen e às músicas que cantava. Mas ela continua sendo um ícone tão forte que jamais envelheceu e segue despertando o interesse de diferentes gerações.
Em Portugal há mais barulho. No dia 18, será exibido Copacabana (1947), filme em preto e branco de Alfred Green na qual Carmen Miranda contracena com Groucho Marx numa história que se passa num bar de Nova York – momento em que interpreta Tico-tico no fubá. No sábado, uma maratona de cinco filmes, incluindo Férias nas montanhas (1942), de Irving Cummings, e A canção da felicidade (1946), de Lewis Seiler. Também está na programação O castelo das surpresas (1953), de George Marshall, o último filme de Carmen, feito dois anos antes da sua morte, que conta com a participação de Jerry Lewis e Dean Martin. O ciclo encerra com Uma noite no Rio (1945), de Irving Cummings, e Serenata boêmia (1944), de Walter Lang, musical em que Carmen Miranda interpreta a cartomante Princesa Querida e canta O que é que a baiana tem.
No Rio, a Brazilian Bombshell ganha uma exposição no museu que leva o seu nome, no Flamengo. Carmen Miranda, a pequena notável abre hoje com palestras de Ruy Castro, autor da biografia Carmen, e da secretária de Cultura Adriana Rattes. Nesta terça-feira, Marcos Sacramento assume o espaço, com um show dedicado inteiramente ao repertório de Carmen.
– Ela foi a rainha do suingue, até hoje não superada. Estava ligada a uma estética que a Tropicália exploraria décadas depois – aponta Sacramento. – O estereótipo criado após sua ida para Hollywood infelizmente ofuscou a musicalidade impressionante que ela tinha.
18:42 - 08022009